AMIGAS E AMIGOS
Muito à vontade, inicio algumas reflexões sobre o que se
diz cultura.
Primeiramente dois pontos devem ser apresentados para que
possamos desenvolver o raciocínio de forma completa.
1.
Faço parte de uma
escola de arte que não acredita em talento e nem em dom, acredita que o artista
se forma pelo seu próprio esforço e que talento é o trajeto não o resultado.(mas
isso é o que acredito, não posso impor a ninguém);
2.
A arte é apenas
uma parte da cultura e não se pode acreditar que defendendo a arte se estará defendendo
a cultura do povo automaticamente.
A partir desses pré-supostos retira-se do pedestal do Olímpo,
dos píncaros da glória a arte, para muitos o que digo será um sacrilégio, mas
para nós pobres mortais será o que nos garantirá o acesso a tal DEUSA.
O acesso a cultura é Direito Humano Básico, é previsto na
Declaração Universal e na Constituição Brasileira, além de vários tratados ,
como o de São José da Costa Rica ou estandares da OEA. Não é uma afirmação
leviana a de que o estado deve garantir o acesso a cultura a todos os seus
cidadãos.
Mas no Brasil o estado abriu mão desse precedente para a
Iniciativa Privada, como o artista no Brasil é o único defensor barulhento da
Cultura e a escola predominante entre a maioria dos artistas acredita em
talento e dom, e por conta desse entendimento acreditam que a arte não é objeto
do povo, é expediente de alguns poucos abençoados. ( e da mesma forma não me
podem impor isso)
O estado não pode ficar refém de uma Escola de Arte, e os
atores públicos babando quando vêem alguém famoso (já que a fama não é objeto
de trabalho do artista, se fosse Fernandinho Beira Mar seria artista... Ele é
famoso!), o estado deveria tão somente garantir a efetivação dos direitos fundamentais
sedimentados pelo bom senso e pelas lutas sociais ao longo dos anos.
O contato com a arte por qualquer um cidadão é
estruturante, e garante a todos, humanidade, a arte não é um pinduricalho
ornamental da civilização, não é um adorno para enfeitar a vida de desocupados,
é antes disso uma necessidade humana fundamental, que cria e recria um
entendimento plástico estético e dá solução para os conflitos intra e extra
pessoais, é por si só estruturante, retirar do cidadão a possibilidade do
acesso a arte e retirar dele humanidade.
Para garantir esse acesso o estado pode repetir o modelo adotada
para a garantia de alguns outros direitos, exemplifico: para garantir o direito
a saúde, educação e assistência social criar uma estrutura, tando operativa
quanto de pessoal para a reprodução do conhecimento e tecnologia, para
facilitar o entendimento, seria como construir, aparelhar e colocar para
funcionar hospitais municipais da cultura, CRAS da cultura em todos os bairros, ou escolas municipais de
cultura.
A lógica do estado perverso vai por outro caminho, finge
que não é direito humano e se adaptam a lógica do mercado da seguinte maneira: O
que fundamenta a lógica de que a cultura deve ser financiada pela iniciativa
privada, qual é a função da iniciativa privada?
O LUCRO
Qual a função da cultura?
APRESENTAR O
CONHECIMENTO COLOCANDO UM ELEMENTO NOVO PARA O CRESCIMENTO DA HUMANIDADE
Por que acreditar que a iniciativa privada vai deixar de lucrar
para cuidar de qualquer evolução, a própria evolução pode concluir que esse
patrocinador não é interessante...
E O ARTISTA?
Por outro lado os artistas que em sua maioria acredita em
talento, e acredita que só conseguiram financiamento os mais competentes e
talentosos dotados de pó de pirlimpimpim conseguiram ser financiados, e acabam
exterminando uns aos outros numa luta insana por patrocínio que na verdade não garante
segurança pra ninguém. Os que forem abençoados por um prefeito ou governador
será abominado pela outra administração, e colocado eternamente de molho.
O estado tem a obrigação e o dever de garantir acesso aos
bens culturais e criar a estrutura para tal.